Leia o texto para responder às questões de números 01 a 07.
Quem está preparado para amar?
Éramos obrigados a estar dentro de um relacionamento, engolíamos muitos sapos,
aceitávamos o destino de viver para sempre com uma pessoa, mesmo que a convivência
fosse infernal. Mas agora tudo mudou, pois ficamos mais conscientes de nós mesmos,
queremos mais. Se antes o importante era o fato de estarmos comprometidos com alguém ou o tempo que durava o relacionamento, agora vale a qualidade do encontro.
Questionamos as regras, a falta de liberdade, o jeito mecânico dos relacionamentos. Não
queremos mais nos sentir prisioneiros de relacionamentos complicados.
Descobrimos que o “felizes para sempre” era uma fraude. No passado havia muita
angústia, repressão e frustração. Os homens levavam e as mulheres eram levadas numa
dança que está ficando para trás. Hoje é mais fácil ver mulheres bem mais determinadas
que os homens. Elas se cuidam bem, ganham o seu dinheiro, sabem o que querem; eles
estão começando agora a sua revolução de comportamento, e, em decorrência, ocorrem
desencontros, até que os dois lados acertem o passo novamente.
A sensualidade e a aparência se tornaram referências de vida para muita gente. E
os que buscam o amor, aqueles que ainda querem um relacionamento com profundidade,
não encontram condições para isto. Parece que virou loteria achar alguém que queira se
envolver de verdade. O amor está mais livre do que nunca e, para sobreviver, ele exige
coragem, autenticidade e criatividade. Além disso, é preciso que ele seja cuidado, com
extrema sensibilidade, pelos amantes.
Mas quem está preparado para tanto? As pessoas tentam se encontrar, tentam se
relacionar, mas estão bem desajeitadas. O seu repertório de comunicação e o jeito de
proceder ainda estão bastante impregnados dos conceitos antigos, que não são compatíveis como momento atual e anulam qualquer boa vontade para amar.
À pergunta sobre quais as qualidades exigidas, para se escolher uma pessoa, apresenta-se uma grande lista: tem de ser sensível, inteligente, companheira, fiel, trabalhadora, honesta, sarada, bem humorada, alta, magra. Este modelo ideal é observado entre
heterossexuais, homossexuais, adolescentes ou adultos. É a ilusão da cara metade, da
alma gêmea que, diga-se de passagem, nunca vem. Por isso há tanta gente só ou que
não tem paciência para aprofundar uma relação. Se não for do jeito que queremos, nada
feito. E mesmo que o par perfeito exista e apareça, é preciso muita habilidade para manter esse amor vivo. Somente a experiência real, com muitos erros e acertos, faz-nos chegar a uma situação emocional de convivência harmônica e satisfatória. Neste sentido, o
amor de nossa vida nunca vai cair do céu.
O que está acontecendo, afinal?
Estamos exigentes conosco mesmos. Temos defeitos, pontos fracos, imperfeições,
mas fomos educados para não aceitarmos este fato. E tentamos, a todo custo, disfarçar
nossas vergonhas, protegendo-nos com uma máscara, com atitudes de autoafirmação,fingindo que somos seguros e bem sucedidos. Não abrimos mão de nossas
convicções sobre o certo e o errado e vamos, cada vez mais, distanciando-nos do ser humano de carne, osso e coração que somos. O que faz com que tenhamos intimidade com
outra pessoa é exatamente a naturalidade, a espontaneidade, o sentimento de que somos
reais e, como nós, a outra pessoa também é. Só assim permitimos, de fato, que o amor
aconteça.
Se conseguirmos olhar para nós mesmos com olhos mais condescendentes, se reconhecermos nossa vulnerabilidade, já é um passo. Assim ficamos mais humanos e permitimos que alguém também humano se aproxime de nós, mesmo que esta pessoa tenha
lá suas imperfeições e fraquezas.
(Sergio Savian, in Sinal verde, outubro/novembro de 2005. Adaptado)
1. Segundo o texto,
a) os desencontros amorosos da atualidade se devem a formas novas e livres de relacionamento.
b) as formas de relacionar-se amorosamente ficaram mais livres, mas há, ainda, descompasso entre a idealização e o real.
c) as pessoas mantêm-se, no casamento atual, por laços de obrigação, nada divergindo
dos mais antigos.
d) a mudança de papéis da mulher, na sociedade atual, reafirmou a atuação dela como
nos casamentos tradicionais.
e) as exigências, na busca de um par, são poucas, porque temos consciência de nossas
imperfeições

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