Carnaval é tempo de dançar e se fantasiar – o que, para muita gente, inclui a aplicação de generosas quantidades de glitter (purpurina) pelo corpo. Depois as pessoas voltam para casa, tomam banho e se esfregam para conseguir descolar da pele as partículas do produto.

E aí elas vão parar em rios e mares, onde se fragmentam e viram microplásticos, que podem ter consequências nocivas sobre várias espécies. Pesquisadores da USP estudaram os efeitos do glitter sobre as cianobactérias, e chegaram a resultados preocupantes.

A Super conversou com os microbiólogos Maurício Junior Machado e Simone Cotta, autores do estudo.

O que são as cianobactérias e qual é sua importância ambiental?

São bactérias que fazem fotossíntese. Elas foram as primeiras a gerar oxigênio para o nosso planeta, bilhões de anos atrás. Produzem mais oxigênio do que as próprias plantas e algas. [...]

E o que o glitter fez com elas, no estudo?

Houve aumento de volume da célula, um mecanismo de proteção. Além disso, a gente teve elevação de alguns pigmentos, como os carotenoides, que atuam como redutores do estresse oxidativo causado durante a fotossíntese. [...]

Uma enorme quantidade de glitter já foi parar nos oceanos. Quais são as possíveis

consequências ecológicas disso?

Você diminui a atividade das cianobactérias e das microalgas, e há uma redução do nível de oxigênio na água e da quantidade de peixes. Além disso, os microplásticos não são capturados pelo tratamento de água doce que existe hoje, porque as partículas são muito pequenas. Então, querendo ou não, eles também vão chegar até a gente [e serão ingeridos].

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