O Orfanato Santa Maria cava no nal de uma rua muito pacata, no qual trabalhavam freiras muito respeitáveis e nem sempre de bom humor. Lá, meninas de diferentes idades esperavam a hora de ir embora, morar num outro lugar, com outra família.
A Madre Superiora, Irmã Romilda, era a diretora do orfanato. Mandava como ninguém. Sempre de cara amarrada, não nha tempo para rir. Seu melhor passatempo era deixar algumas meninas desobedientes de casgo por horas a o, com os joelhos sobre o milho.
Passou tempos diceis antes de se tornar freira, episódios que sempre escondeu das outras freiras. A irmã Luciana era a única que conhecia o seu passado. Ela era uma velhinha muito boa, de pele rosada e olhinhos semicerrados, com um talento sem igual para cuidar das crianças daquele lugar. Sempre foi admirada pelas meninas, porém, Sophie guardava um carinho especial e único por ela.
Sophie era uma menina de dez anos, nha um metro e meio, os cabelos louros como o sol e olhos da cor da noite.
Ainda que vesse somente dez anos, achava-se velha demais para ser adotada por alguma família. E para que essa dor não a entristecesse a ponto de fazê-la chorar, gostava de contar histórias de princesas, de cavaleiros valentes e criaturas mágicas. Por isso, todos os dias, reunia-se com as amigas para uma noite de contos e muita fantasia. Era o que mais sabia fazer, pois não levava jeito para nenhuma outra tarefa. Era um desastre dobrando roupas, varrendo o chão, limpando os copos. Preferia inventar, ler e escrever.
Sonhou, certa noite, que estava montada num cavalo de prata voador, rumando a um enorme castelo, cheio de torres, portas e janelas. Tinha uma capacidade maravilhosa para ver magia em tudo e em todos os lugares. Jurou ter encontrado, dias atrás, uma estátua se movendo lá em

cima da Igreja de São Sebasão, quando visitava o mercado com outras freiras do Orfanato. Suas amigas lhe admiravam e tentavam entender de onde saía tantas histórias maravilhosas. Juravam que a sua imaginação fazia algumas coisas virarem realidade. Claro, aquilo assustava vez ou outra, porém, Sophie sempre conquistava a curiosidade das amigas, criando e contando outras histórias, uma mais emocionante que a outra.
Não só lia para as amigas, como também usava alguns recursos para enriquecer a contação. Baa no assoalho de madeira para dar emoção à cena, falava no quando o personagem falava no, sussurrava quando o personagem sussurrava, gritava quando o personagem gritava e as meninas, com os ouvidos e os olhos atentos, sobressaltavam-se, no que era seguido de boas gargalhadas.
A única pessoa que odiava esses encontros, que, na sua maioria, aconteciam bem na hora de dormir, era a Irmã Romilda.
Sophie cava três horas de joelhos no milho quase todas as manhãs, escutando a diretora do Orfanato Santa Maria dizer que ela estava cometendo pecados horrorosos e que violava os bons costumes que deviam, a severas regras, serem respeitados. Porém, confesso que nunca vi uma menina tão encantada pelos livros como a pequena Sophie, pois, ainda que punida, jamais deixou os livros e as contações de história esquecidos.
Nossa história começa neste ponto, nesta pacata ruazinha, dentro deste Orfanato de meninas, apresentando nossa personagem principal: Sophie, a

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